Uma importante ressalva que deve ser feita antes de tratarmos das técnicas de coleta e beneficiamento do mel de abelhas sem ferrão é de que no Brasil não existe legislação específica que regulamente a cadeia produtiva dos produtos originados pela meliponicultura.
No que se refere aos produtos das abelhas, o Brasil dispõe apenas de legislação que ampara a apicultura, ou seja, a atividade produtiva associada à criação das estrangeiras Apis mellifera.
Sendo assim, não existe no país um mercado estabelecido, especializado em equipamentos de meliponicultura.
A diversidade de técnicas que será apresentada a seguir representa o resultado de iniciativas bem sucedidas no Brasil, as quais têm produzido mel de qualidade, consumido e/ou comercializado de maneira informal em diferentes regiões.
Esta diversidade de técnicas pode e deve ser considerada no processo pendente de regulamentação, em andamento por meio do trabalho de produtores, pesquisadores e do Ministério da Agricultura, Pecuária e bastecimento (MAPA).
O grande desafio deste processo de regulamentação é justamente englobar a diversidade de técnicas. Dada a diversidade de abelhas e de contextos socioambientais em que a meliponicultura se manifesta no país, a imposição de um protocolo único e padronizado, como ocorre com a apicultura, tende a ser malsucedida.
Considerações gerais
Um dos maiores desafios daqueles que produzem mel de meliponíneos é garantir estabilidade e longevidade, ou seja, tempo de validade, a um produto muito suscetível à fermentação.
A principal característica que atribui ao mel das abelhas nativas essa característica é sua elevada taxa de umidade (quantidade de água), que costuma variar de 25% a 35% da composição, além do seu natural conteúdo de leveduras, agentes de fermentação.
Veremos mais adiante que nem sempre a fermentação é um problema. Entretanto, em um primeiro momento, trataremos das técnicas voltadas para a produção de um mel estável, com a máxima longevidade possível, sem fermentação.
O primeiro passo para minimizar a fermentação são boas práticas de coleta, visando a redução da contaminação por microorganismos.
Depois de coletado, vários métodos de beneficiamento podem ser aplicados para auxiliar a conservação do mel. A seguir, são apresentados alguns métodos de coleta e beneficiamento utilizados com sucesso no Brasil.
fonte: Manual Tecnológico Mel de Abelhas sem Ferrão